Democracia e deficiência

A deficiência é extremamente democrática

Por: Gabrielle Jordano

Ao contrário do imaginário popular, a deficiência é extremamente democrática.

Talvez você não, mas certamente muita gente, não tenha parado para refletir sobre isso. Vamos dar uma olhada nos próximos parágrafos.

A deficiência não respeita sexo, idade, cor, classe social, religião, extrato bancário, diploma. Pode ser de nascença, ou adquirido ao longo da vida, doença, acidente ou quando vamos envelhecendo e nossa mobilidade vai diminuído e vamos precisando utilizar equipamentos ou aparatos para nos locomover.

Deficiência temporária

Qualquer um de nós pode se tornar deficiente temporariamente, já pensou nisso? Seja por uma cirurgia, porque quebrou algum membro ou qualquer motivo que a vida lhe impuser. Hoje muito provavelmente você auxilia seus pais e sogros nos próximos anos, seremos nós mesmos a precisar desses equipamentos.

A ciência e a tecnologia também andam mudando a forma de como nós entendemos e vivenciamos a deficiência. Seja por reabilitação, transplante de órgãos, avanços das cirurgias das células-tronco em diferentes especialidades nos aparelhos cocleares para surdez. Até o simples uso de bengalas ou cão-guias, que trazem independência no dia a dia às pessoas com deficiências visual, são tecnologias assistivas.

Muitos pensam que todo deficiente é sinônimo de dependência. Isso é o que costumamos ver nos noticiários. E quando a notícia é “boa”, costuma sempre vir acompanhada de termos como “superação” ou “garra”.

De perto, ninguém é normal!

Vou trazer uma frase de Machado de Assis de O Alienista: “de médico e louco todo mundo tem um pouco”. Tomo a liberdade para adaptá-la: “de deficiente e louco todo mundo tem um pouco”. Afinal, todos nós temos limitações, algumas extremamente visíveis e aparentes e outras nem tanto. Já sabemos que, se repararmos bem, definitivamente, de perto ninguém é normal!

Ou seja, mesmo que uma pessoa tenha algum tipo de deficiência, isso não a impede de conquistar o seu lugar na sociedade. No final das contas, ela continua sendo simplesmente uma pessoa!

Podem ser professores, jornalistas, empresários, músicos, advogados, funcionários públicos, administradores, fotógrafos, atletas, programadores, contadores, cabeleireiros, designers e mais uma infinidade de profissões. Certamente na grande maioria dos casos tiveram que enfrentar muitas barreiras, como acesso a escolas e universidades ou mesmo situações de preconceito. Mesmo assim, galgaram seu lugar na sociedade.

Cidadão e consumidor

Este é um mercado consumidor exigente, que está se tornando cada ano maior, mais rentável e mais diversificado.

Em mercados maduros ou avançados tecnologicamente, a inclusão da pessoa com deficiência já é uma realidade, tanto na esfera pública quanto privada. As chamadas smart cities são realmente inteligentes e pensadas em todos os públicos. Hong Kong, Tokyo, Shanghai, Nova York, Las Vegas, Madri, são exemplos de cidades inteligentes que englobam e respeitam todos os cidadãos e permitem a autonomia e individualidade de cada pessoa.

Temos ainda no Brasil um longo caminho pela frente. Os empresários e empreendedores só têm a ganhar ao incluir a acessibilidade de forma ampla no seu comércio. Além de facilitar a vida dos seus consumidores, irá se destacar frente a seus concorrentes e realizar uma excelente propaganda para si.

Ser democrático e inclusivo também traz muitos benefícios ao comércio, direta e indiretamente. Sem comentar em todo o impacto econômico gerado na economia local, pois estamos falando de Turismo no qual só se sustenta se tiver uma cadeia produtiva conectada, com potencial de muito mais ganhos se estiver qualificada e estruturada.

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