Investimentos em acessibilidade podem garantir maior poder de consumo no Turismo.
No início de dezembro, o Ministério do Trabalho divulgou que houve um crescimento de 5,5% de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Isso reflete no poder de consumo da população que constantemente é excluída em estabelecimentos comerciais e em viagens à trabalho e lazer.
A falta de acessibilidade e de recursos no setor do Turismo são negligenciados por hotéis, pousadas e restaurantes, afastando assim as pessoas com deficiência, mesmo que com nível elevado financeiro, fazendo com que eles não circulem pelo nosso país e optem por destinos estrangeiros.
Em entrevista para o Jornal Estadão, a empresária Carolina Ignarra, sócia-fundadora da Talento Incluir, empresa especializada na inclusão de profissionais com deficiência no mercado de trabalho, ela relata que quando os deficientes pensam em viajar, eles acabam desistindo, e muitas vezes o motivo não é financeiro e sim a falta de acessibilidade.
“A Lei Brasileira de Inclusão (nº 13.146/2015) tem critérios para que a acessibilidade esteja em transportes e edificações, e em sua maioria são seguidas parcialmente. A dificuldade é encontrada também desde a pesquisa pelo destino até realmente chegar no local. A internet é a principal fonte e pessoas com dificuldade de leitura, visão ou audição já encontram nos sites as primeiras barreiras. A maioria não tem acessibilidade digital”, critica a empresária.
Quartos adaptados, companhias aéreas, aeroportos acessíveis, meios de transporte adequados são pontos que devem ser levados em consideração pelo setor de Turismo do Brasil. Carolina ainda destaca outros pontos que são importantes para que a viagem seja realizada: saber nos estabelecimentos detalhes mais simplificados, como altura da cama e largura da porta, informações primordiais para cadeirantes, por exemplo.
São muitos os detalhes que as pessoas com deficiência devem levar em consideração para escolher um destino e fechar uma viagem e esse processo não está sendo simples nos tempos atuais. O setor precisa urgentemente se preparar para a cultura de inclusão. “A imagem do Turismo está arranhada pela ideia de que, para ter acesso a tudo, clientes com deficiência têm de pagar mais. Não é raro ter que pagar taxa extra para conseguir adaptação e apoio”, diz Carolina.
Ela ainda destaca em sua entrevista que os estabelecimentos que atendem à legislação de acessibilidade arquitetônica, apresentam detalhes que são contraditórios, como controles remotos em alturas inacessíveis para pessoas em cadeiras de rodas ou com nanismo.
Por isso, investimento em cultura é o ponto inicial, demandando aplicações em adaptações estruturais nos estabelecimentos. Preparar profissionais e ter pessoas com deficiência na equipe é um ponto primordial neste caminho, pois somente assim, as pessoas com deficiência conseguiram fazer suas viagens de forma tranquila e proveitosa.
Portanto, para tornar excelente a experiência do cliente com deficiência, são necessárias algumas mudanças. Confira dicas que a empresária listou:
– Não bata na porta do hóspede surdo. Envie mensagens de texto ou escrito no papel;
– Toalhas ou controles remotos sempre ao alcance de pessoas com nanismo e cadeirantes;
– Clientes cegos assinam e têm documentos. Fale diretamente com eles;
– Haja normalmente com pessoas com deficiência intelectual. Só as trate como criança se realmente for uma criança;
– Fale abertamente sobre a inexperiência com pessoas que têm dificuldade. Eles mesmo poderão ajudar;
– Sanitários devem ser grandes, para que uma pessoa na cadeira de rodas consiga girar dentro do espaço;
– Entenda as necessidades do cliente e veja como apoiá-lo;
– Se tiver dúvidas, pergunte para a pessoa com deficiência, de forma simples e clara.
Fonte: Matéria Turismo precisa ouvir clientes com deficiência para faturar mais do blog Vencer Limites do Jornal Estadão.
Texto: Madame Conteúdo.