Dia 1 de maio comemoramos o Dia do Trabalho no Brasil, e foi trabalhando que estreamos em grande estilo a nossa série de Lives conversando sobre turismo e acessibilidade.
Abrimos um espaço para conversarmos sobre os desafios de Turismo e Acessibilidade. Como debater cenários pós-crise e tantas outras pautas necessárias para construirmos pontes e conexões sobre uma sociedade mais adequada e inclusiva.
As Lives surgiram com força total na quarentena causada pela pandemia do Covid-19. Um dos efeitos dessa onda foi a aproximação das empresas junto aos consumidores.
E foi nesse ambiente que lançamos nossa primeira edição, com as convidadas Suelén Almeida, Palestrante e Consultora Inclusiva e Mellina Reis, Turismóloga e Influenciadora Digital. A pauta da conversa foi Turismo, Acessibilidade e como o setor hoteleiro poderia se beneficiar atendendo bem a este mercado.
Foi uma conversa extremamente valiosa, pela participação das especialistas e dos intérpretes de LIBRAS, Bruna Garcia e Ivan Souza, mas pela grande interação da audiência. Os participantes fizeram muitas perguntas e contribuíram para uma experiência enriquecedora.
Iniciamos a conversa com uma breve apresentação do mercado consumidor da Pessoa com Deficiência no Turismo. Destacando números de viajantes, estimativa de consumo de turismo no Brasil, o quanto este mercado movimenta e gera de receita.
Acessibilidade – experiências e necessidades diferentes
Caminhamos então para exposição das experiências das convidadas, com duas visões distintas sobre necessidade de acessibilidade. A Suelén é cadeirante e a Mellina tem baixa visão – e utiliza sua cão guia Hilary para se locomover.
Viagem acessível
A acessibilidade dos destinos deve ser para todos os tipos de deficiência, não apenas para os cadeirantes.
A Suelén trouxe uma pauta pouco conhecida: cadeirantes não são todos iguais. Cada um possui a sua particularidade, mobilidade e independência. É importante sempre lembrar ressaltar que acessibilidade não é só uma rampa – é uma série de conjuntos de ações arquitetônicas (rampas na inclinação correta, quartos e banheiros com espaços e barras de apoios nos lugares certos). Há legislação e a norma vigente NBR 9050, que informa sobre a padronização dos espaços.
Trouxemos ao debate reflexões sobre outros tipos de deficiências, como surdos, autistas, com Síndrome de Down. Como bem comentado pela Melina: “o setor hoteleiro e o setor do turismo de modo geral, generaliza as pessoas com deficiência, como se fossem apenas físicas, cadeirantes. Já fui em muitos lugares dizendo que tinha acessibilidade e chegando lá, cadê a acessibilidade para deficientes visuais? Como resposta: ‘não tinha pensado nisso…, ou ainda que o deficiente visual não necessita do quarto adaptado.”
Mellina fez uma ressalva após a Live que o Braille não é de conhecimento de todos que possuem deficiência visual. Muitos dos que perderam a visão na adolescência ou fase adulta, nem sempre aprendem o Braille, pois não é uma metodologia fácil de se aprender. Dessa forma, acabam se utilizando de outras tecnologias que podem atender a todo.
Tecnologia como ferramenta de inclusão
Um bom exemplo para a situação acima é a tecnologia do QR Code. Ao posicionar a câmera do celular para um código QR, se é direcionado para uma página que explica o produto ou serviço. Como a cor de um batom, um cardápio, um refrigerante, entre tantas outras possibilidades.
Neste caso, basta capacitar o funcionário a orientar os clientes sobre o local do QR Code e suas funcionalidades. Este é apenas um dos muitos exemplos de como a tecnologia facilita o dia a dia e a comunicação entre as empresas e o consumidor final, seja Pessoa com Deficiência ou não!
Outro método eficiente de identificação para um grande grupo de pessoas com baixa visão é o alto relevo, seja nos botões do elevador, nas portas dos apartamentos ou em outros locais que identifiquem o lugar.
Mais um ponto debatido foi sobre a barreira atitudinal. Há ainda um grande preconceito das pessoas e empresas em lidar com as Pessoas com Deficiência.
Não há reconhecimento sobre o não saber lidar com o diferente. E acabam sendo criando barreiras em formas de “normas”, com intenção de proteger as Pessoas com Deficiência. Mas na prática excluindo e impossibilitando a usabilidade e integração deste público.
Pessoas com Deficiência – Consumidores e Cidadãos
A falta de acessibilidade no turismo impede não somente o Consumidor com Deficiência, mas também seus acompanhantes. Este público costuma ser fiel e indica sempre os estabelecimentos que gosta.
O impacto social que se deixa de gerar na empresa é relevante. Segundo a Suelén, se você não atende você está discriminando a pessoa, que é passível de multas, além do desgaste na imagem da empresa. Mellina exemplificou o comum desrespeito à Lei 11.126, que prevê livre acesso a cães guia, usualmente ignorada pelos estabelecimentos.
Levantamos o ponto sobre a necessidade de acessibilidade na infraestrutura nas cidades, que também impacta diretamente no ir e vir e percepção de bem estar da Pessoa com Deficiência.
As convidadas discorreram um pouco sobre suas viagem e compartilharam as experiências em algumas cidades do Mercosul, como por exemplo Buenos Aires, considerada não tão acessível assim para ambas.
É inegável a necessidade das empresas do setor turístico hoje, mais do que nunca, estarem presentes na internet, próximos ao seu público, vendendo seus produtos e de forma acessível.
Turismo acessível
Mellina relata que é muito difícil fazer compras pelos sites, principalmente das companhias aéreas e meios de hospedagem. São pouco sites turísticos acessíveis para pessoas com deficiência, dificultando a compra.
Em pouco mais de uma hora, abordamos muitos temas relevantes e tiramos dúvidas dos participantes presentes sobre turismo e acessibilidade.
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Por Gabrielle Jordano, fundadora da Integratur