“De qualquer forma, eu sou uma mulher, e isso é o suficiente.”

Nós da Integratur adoramos histórias inspiradoras! E sempre acompanhamos a página Disbuga no Facebook, da Fatine Oliveira. Ela mora em Belo Horizonte – MG e concedeu uma entrevista muito legal para o site Inspired, da Austrália.

Uma conversa inspirada com Fatine Oliveira

Escrito por Christine Kerr Publicado em 17 de maio de 2019 em histórias inspiradas, amor e relacionamentos, perguntas e respostas.

“De qualquer forma, eu sou uma mulher, e isso é o suficiente.” Palavras poderosas da nossa mais recente contadora de histórias inspirada, Fatine Oliveira, que nos deu uma visão sobre sua jornada como uma mulher com deficiência.

Histórias inspiradas têm o poder de ressoar com todas as mulheres em todo o mundo, em muitos idiomas e culturas. Como sabemos, a jornada de cada mulher é única, e é nessa diferença que podemos aprender e nos apoiar mutuamente. Tenho o prazer de apresentar-lhe a Fatine do Brasil e agradeço-lhe por compartilhar sua história de todo o mundo conosco.

#PraTodosVerem: Primeira imagem: Reflexo da Fatine se olhando no espelho, com uma blusa amarela florida, de cabelos curtos e pretos, de batom vermelho e a mão junto ao queixo. Segunda Imagem: Foto em preto e branco, da Fatine sentada de costas, com calça preta e costas nuas com uma tatuagem na vertical ” MINHA BELEZA ESTÁ NAS MINHAS CURVAS”. Crédito Imagem: Camila Alighiere.
#PraTodosVerem: Primeira foto: Fatine sentada em sua cadeira de rodas. Ao fundo, uma parede branca, com uma janela de madeira fechada. Ela está sorrindo, vestindo uma blusa preta, com xadrez branco, calça amarela e sapatos marrons. Segunda imagem: sentada em um restaurante, bebendo em com um canudo, mãos sobre a mesa e unhas pintadas de verde. Vestindo um blusa escura de frio, com uma echarpe no pescoço. Crédito: acervo pessoal.

Conte-nos sobre você.

Meu nome é Fatine Oliveira, tenho 34 anos. Sou brasileira, moro na cidade de Belo Horizonte.

Qual tem sido sua jornada de incapacidade?

Eu tenho uma condição genética chamada distrofia muscular. Eu tive desde que eu era criança e, como resultado, eu não podia andar como outras crianças. Quando eu era pequena, caí muitas vezes, então usei órteses nas minhas pernas, mas machuquei meus pés. Minha família comprou uma cadeira de rodas para mim quando eu tinha 8 anos de idade. Minha juventude foi muito difícil para mim, tive depressão por muitos anos. Eu vi meu corpo sendo diferente dos meus amigos e não conseguia entender por que as pessoas não gostavam de mim. Na minha cabeça, eu era a mesma pessoa que era igual a qualquer outra pessoa. Fui a um terapeuta e mudei meus pensamentos e meu ponto de vista. O feminismo me ajudou a me sentir como uma mulher, porque antes eu não sentia isso. Eu tive dificuldades com relacionamentos, os homens costumavam ter preconceitos sobre mim. Eu tive três namorados, um deles infelizmente foi abusivo.

Há coisas sobre você que as pessoas entendem mal por causa de sua deficiência?

Sim, as pessoas costumavam me tratar como uma criança ou pensar que eu sou burro.

Quem te inspira? … De onde você tira inspiração?

Eu gosto de ouvir outras mulheres e usar suas histórias para me inspirar.

Quais três palavras você usaria para descrever a si mesmo?

Engraçada, inteligente e café (eu adoro).

O que é uma coisa, experiência ou pessoa que você teve que mudou completamente sua vida?

Bem, eu acho que o feminismo mudou minha vida. Depois que aprendi mais sobre o movimento, eu me compreendi e me senti mais como uma mulher, apesar de eu ter um corpo diferente e não andar.

De qualquer forma, eu sou uma mulher e isso é suficiente. Quando aprendi isso, pude escrever sobre isso e inspirar outras mulheres com deficiência a sentirem o mesmo.

#PraTodosVerem: Fatine falando no centro de uma roda, com mulheres ao fundo. Em sua cadeira de rodas, com uma blusa de mangas longas verde escuro, um lenço no pescoço verde claro, calça preta e tênis vermelho. Créditos: acervo pessoal.

Quem ou quais foram as influências mais significativas sobre quem você é hoje?

No Brasil é minha amiga Leandrinha Duart. Ela é trans com deficiência e luta contra o preconceito com os LGBTs.

O que é uma coisa de você que surpreende as pessoas?

Meu bom humor e minha beleza (acho que LOL). Eu acho que minhas ideias também surpreendem as pessoas.

Por que você está mais grata hoje?

Para minha família que me apoia todos os dias, meus amigos que me amam e a oportunidade eu tenho que fazer algo diferente e melhor a cada manhã.

Sabendo o que você sabe agora, que conselho você daria ao seu eu de 18 anos?

Você é inteligente, bonita e é uma boa pessoa. Não se preocupe com os comentários das pessoas, você realizará seus sonhos e fará algo realmente especial em sua vida. Acredite em si mesma.

Você tem uma história engraçada envolvendo ou relacionada a ter sua deficiência que você pode compartilhar?

Na faculdade, quando a aula era entediante, eu perguntava ao professor se podia ir ao banheiro com meus amigos (eles geralmente me ajudavam). Depois ficamos fora da aula e fomos ao ginásio ver os meninos jogando futebol!!

Há algo que você gostaria que as pessoas soubessem sobre você ou sobre pessoas com deficiência que elas talvez não soubessem?

Pessoas com deficiência são pessoas como qualquer um. Temos sentimentos, sonhos, podemos trabalhar e contribuir com muitas coisas para este mundo, mas é necessário que nos seja oferecida acessibilidade para isso. Nós temos direitos, mas muitos países não seguem. Precisamos ser mais eficazes com essas coisas e sermos mais humanos entre todos nós.

Adaptada: Gabrielle Jordano

Fonte: https://www.inspired.org.au/2019/05/an-inspired-conversation-with-fatine-oliveira/?fbclid=IwAR1qq_l2gUdaQCKO2PRZJ7MBg3jP4x7SDMEme51ZxH1abFKRH4JyTTR6jOE